Uma nova rede de percursos pedestres, adaptada às exigências de hoje em dia, está a ser preparada no parque natural da maior serra de Portugal continental. Em 2010, Ano Internacional da Biodiversidade, deverá ser apresentada a candidatura para a criação desta nova rede, planeada através da articulação entre o Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) e 18 outras entidades, incluindo a administração local, operadores turísticos e entidades privadas do sector do alojamento.
«Foi preciso um grande esforço de diálogo e de articulação», confessa Armando Carvalho, director regional do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) para o Centro e Alto Alentejo. O responsável pela gestão do PNSE salienta, no entanto, a iniciativa pioneira do parque, que conseguiu um compromisso a longo prazo de todas as entidades para a gestão da futura rede de percursos. «Existirá uma divulgação uniforme da rede por parte de todas as entidades envolvidas e o contributo de cada uma delas será prolongado no tempo», explicou o director ao AmbienteOnline, em vésperas do Dia Internacional da Montanha, que se comemora a 11 de Dezembro.
Requalificação da zona da Torre é urgente
O cume mais alto de Portugal continental, a 1993 metros de altitude, é um dos pontos mais importantes de turismo de montanha do País. No ano passado, os postos de turismo abrangidos pela Região de Turismo da Serra da Estrela registaram 127 772 visitantes, o que representou um acréscimo de 20 mil visitantes em relação a 2007.
Apenas superada em altura pela Serra do Pico, nos Açores, que tem 2351 metros de altitude, a Serra da Estrela mantém-se como ex-libris natural do país, pelas características geológicas e de biodiversidade que apresenta. Das 77 serras existentes em Portugal, a mais pequena é a da Boa Viagem, junto à Figueira da Foz, com 261 metros de altitude.
Enquanto as unidades hoteleiras da região da Serra da Estrela esperam por uma boa afluência na época natalícia, Armando Carvalho relembra que apenas uma pequena parte dos visitantes se interessa pelo turismo de natureza. Os cinco pontos do PNSE para acolhimento de turistas interessados em conhecer o património natural da Serra da Estrela receberam, até ao fim do terceiro trimestre de 2009, cerca de 12 500 visitas.
No cimo da serra, uma torre de 7 metros perfaz a altitude de 2000 metros da montanha. Este é o destino natural dos milhares de turistas que rumam todos os anos à Serra da Estrela, atraídos principalmente pela promessa de neve. Chegados ao topo, a atracção dá, muitas vezes, lugar à desilusão. Acessos congestionados, trânsito caótico e um centro comercial frequentado por multidões à procura dos produtos típicos da região é a primeira impressão de quem atinge o ponto mais alto de Portugal continental, uma visão muito aquém dos potenciais desta área protegida.
«É necessária uma requalificação da zona da Torre», reconhece Armando Carvalho, requalificação essa que será feita ao nível dos próprios espaços, mas também dos acessos, tendo em atenção algumas questões relacionadas com o comércio de produtos regionais. «Precisamos de adaptar as infra-estruturas que existem», conclui.
Abandono da pastorícia ameaça ecossistema
Mas este não é o único problema com que se depara o local. Um dos perigos em termos de conservação da natureza e biodiversidade com que se depara a Serra da Estrela é a perda dos homens da terra, que durante centenas de anos foram companheiros habituais desta formação rochosa. Os pastores na região são cada vez menos.
«O declínio das actividades tradicionais leva à perda de certos nichos de biodiversidade e, por outro lado, ao abandono de terrenos, cuja limpeza seria essencial para evitar os incêndios florestais», relembra o director regional do ICNB.
Com a reestruturação do ICNB, em 2007, o PNSE, a Reserva Natural da Serra da Malcata, o Parque Natural do Tejo Internacional, a Paisagem Protegida da Serra do Açor e o Parque Natural da Serra de São Mamede passaram a estar sob alçada do mesmo director. Como resultado, a gestão destas áreas protegidas passou a ser feita numa óptica global.
Ano Internacional da Biodiversidade celebrado na Estrela em 2010
Apostar na educação ambiental de quem convive com o PNSE deve ser uma aposta importante no âmbito do Ano Internacional da Biodiversidade, que se celebra em 2010. Pelo menos, esta é a opinião do Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE), uma estrutura do município de Seia que promove o conhecimento e divulgação do património ambiental da região.
Para o próximo ano, o centro vai apresentar uma nova exposição temática, no âmbito das celebrações pela biodiversidade. A exibição junta-se assim à exposição permanente do CISE, que integra aspectos científicos, didácticos e lúdicos para explicar as especificidades da região centro e da Serra da Estrela a quem lá passa.
O centro tem ainda uma exposição temporária dedicada aos “Habitates Natura(is) da Estrela”, que pretende dar a conhecer cada um dos habitates de importância comunitária identificados na Serra da Estrela e definidos na Rede Natura. Criado em 2000, o centro já sente «a constante procura por parte das escolas do concelho para o desenvolvimento das diferentes actividades de educação ambiental», explica Ana Fonseca, uma das responsáveis do CISE.
Já o PNSE também terá actividades específicas de educação ambiental no âmbito do Ano Internacional da Biodiversidade, que a
Fonte: AmbienteOnline - 07-12-009
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