domingo, setembro 24, 2006

“Via Algarviana”: Grande Rota (GR13) do Algarve, com 240 kms, já está a ser implantada, abrindo em Setembro de 2007.

O projecto Via Algarviana, impulsionado pela associação Almargem-Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve, é um trilho pedestre de Grande Rota (GR13) que atravessará, no essencial, o ‘interior’ algarvio do Sotavento ao Barlavento (de Alcoutim até ao Cabo de São Vicente) e que terá uma extensão de cerca de 240 kms. Este GR será aberto a partir de Setembro do ano que vem.

O projecto Via Algarviana encontra-se em execução efectiva desde Maio de 2006, incidindo o trabalho, até agora, sobretudo na parte logística e na definição concreta do percurso. Doravante iniciar-se-á a implantação no terreno do percurso pedestre em si, integrando a sinalização, equipamentos respectivos, e materiais e eventos de promoção e divulgação (como, por exemplo, o Encontro Regional de Pedestrianismo.)

“A ideia de criar a Via Algarviana surgiu em 1995, quando a Almargem começou a colaborar com um grupo de residentes ingleses interessados em trilhos ecológicos, denominado ‘Algarve Walkers’. A Via Algarviana teve por base o Roteiro Moçarabe, trilho histórico-cultural inaugurado em 1988 pela Associação Caminus o qual não teve continuidade.” 1 Após vários anos em negociações, em Abril de 2006 o projecto passou a ter o fundamental apoio do programa PROAlgarve (fundos comunitários).

“A Via Algarviana terá informações sobre o património histórico, fauna e flora, já que atravessará zonas de elevada beleza paisagística, algumas delas áreas protegidas, entre o Parque Natural do Sudoeste e Costa Vicentina e território integrado na Rede Natura 2000. O traçado atravessa nove municípios algarvios, sempre pelo seu interior: Alcoutim, Castro Marim, Tavira, São Brás de Alportel, Loulé, Silves, Monchique, Lagos e Vila do Bispo. Para a Almargem, este projecto vai valorizar e enriquecer o interior da região.”1 Permite também 'combater' a sazonalidade estival do turismo e afins.

“Apesar deste ser um projecto pensado e sugerido por esta associação, ao longo dos anos angariou diversos apoios institucionais. Desde logo o da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, merecendo o projecto financiamento vindo do programa PROAlgarve. As autarquias algarvias também apoiam a Via Algarviana, quer através da AMAL, quer individualmente. As Câmaras de Alcoutim, Castro Marim, Tavira, São Brás do Alportel, Loulé, Silves e Lagos são parceiras do projecto."1 O projecto está orçado em 400 mil euros.

A Via Algarviana irá aproveitar alguns troços já existentes para criar aquilo que a Almargem já definiu como a «espinha dorsal» dos percursos pedestres na região do Algarve. Estima-se que, em média, a Via Algarviana demore 15 a 20 dias a ser percorrida a pé.

A Via Algarviana edita regularmente Boletins com notícias alusivas:

Apresentação Geral sobre a Via Algarviana

1 Via Algarviana


A GR13 ligar-se á no Cabo de São Vicente à G.R. 11 (que prossegue até Valença [englobando em parte o Caminho de Santiago] e percorre o Norte de Espanha, continuando pela Europa fora, até São Petersburgo), integrando a Rota Trans-Europeia E9. A GR11 persiste com uma considerável parte dos seus troços desactivados (é sobretudo na Extremadura e Minho que se encontra mais operacional). Por sua vez, em Alcoutim a GR13 ligar-se-á a uma Grande Rota (Gran Recorrido) espanhola que percorrerá a “Costa de La Luz” até Tarifa. Deste modo a Rota Trans-Europeia E9 estender-se-á de São Petersburgo, na Rússia, até Tarifa, em Espanha, num total de cerca de 5 000 km.

Para além disso a E9, alcança em Tarifa a Rota Trans-Europeia E4. A E4 é a rota das grandes montanhas europeias. Inicia-se na costa do Peloponeso, na Grécia, atravessa os Balcãs e os Cárpatos, os Alpes, o Maciço Central gaulês, os Pirinéus, o Sistema Bético andaluz até ao porto marítimo de Tarifa, com mais de 4 mil kms percorridos. É, geralmente, considerada a Rota Trans-Europeia de maior nível de dificuldade de realização, mas o mesmo tempo porventura a mais espectacular, fruto das majestosas cordilheiras que atravessa.



Na minha opinião o Algarve continua a dar ao país um dos melhores exemplos de como se deve processar entre nós a evolução da prática pedestrianista. Não se trata somente da profusão de clubes existentes e de percursos pedestres já implantados, mas também assunção de uma perspectiva integradora e de cooperação entre os diversos clubes e instituições da região para imprimir linhas de continuidade e transversalidade (supra-concelhias) no usufruto dos múltiplos espaços naturais, efectivos ou potenciais. A extensão desta prática a outras (certas) regiões lusas revelar-se-ia deveras salutar.

Sobretudo na última década, em múltiplos concelhos do país, tem aumentado o interesse dos clubes e paralelamente das autarquias em marcar com os sinais regulamentados do percursos pedestres os seus ‘territórios’, para demarcar entre outros aspectos, a sua superintendência (pedestrianista) sobre eles. Num país com pronunciada escassez de iniciativas ligadas ao ambiente e aos espaços naturais/natureza, este tipo de acções são bastante positivas, mas impera dar um passo ainda mais à frente. Uma maior abertura e cooperação dos clubes e instituições com vista a uma maior implementação de percursos de pequena rota supra-concelhias, e de grandes rotas supra-concelhias e supra-regionais.

(As imagens usadas neste artigo foram elaboradas com base em imagens do website da Via Algarviana)

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