terça-feira, janeiro 05, 2010

Percurso Pedestre de 15 km em passadiço no litoral do concelho de Vila Nova de Gaia cada vez mais ameaçado pelo avanço gradual do mar



Passadiço de 15 quilómetros ameaçado pela força do mar


O passadiço de madeira existente ao longo dos 15 quilómetros da costa de Gaia está em risco devido ao avanço do mar. Partes há que foram substituídas e recuadas no ano passado e que o mar já destruiu. E já há zonas onde as passagens perderam lugar.

A luta parece quase utópica.
Nas praias entre a Granja e Espinho, sobretudo a partir da Boca Mar, o Atlântico tem avançado tanto que as obras de renovação do passadiço, levadas a cabo pelo Parque Biológico de Gaia, responsável pela gestão do cordão dunar do concelho, parecem não ter fim à vista. É que existem troços novos de passadiço que começam já a ser seriamente ameaçados, ainda os pedaços velhos não foram retirados. Uma situação que cada vez mais salta à vista das centenas, se não milhares, de pessoas que todos os dias por ali fazem as suas caminhadas.

Em Valadares, mais propriamente junto da Ribeira de Valadares e segundo Nuno Oliveira, director do Parque Biológico de Gaia, já não há espaço para o passadiço. A estrutura irá sofrer um corte e serão feitas ligações à marginal.

Junto a outra ribeira, desta feita a de Francelos, parte do passadiço que havia sido colocado novo em 2009, foi destruído pelo mar.

"Existem sítios onde não sabemos onde colocar o passadiço", explicou Nuno Oliveira. "Para já, a ideia é recuar o passadiço até onde for possível, mas se não se fizer nada em relação ao problema da erosão, e não se sabe ainda muito bem o que se há-de fazer, daqui a uns anos, zonas há que nem praia terão, quanto mais passadiço", acrescentou.


À espera de estudo.
Para já, o Parque Biológico de Gaia está à espera do resultado de um estudo encomendado ao departamento de Astrofísica da Universidade do Porto e ao departamento de Geociência da Universidade do Minho que irá ditar o diagnóstico da situação da erosão do litoral de Gaia.

Quando o estudo estiver pronto, o que deve acontecer a meio deste ano, seguir-se-á, segundo Nuno Oliveira, a tentativa, e isso também quer dizer a procura de verbas, para levar a cabo uma experiência, única no país, na praia da Granja, "o ponto mais crítico de toda a costa de Gaia". A dita experiência passará por colocar em cima das rochas da Granja umas estruturas em tudo semelhantes aos antigos rolos de tecido cheios de areia, tipo travesseiros, que se colocavam nas janelas para impedir as correntes de ar. Segundo Nuno Oliveira, esses tubos, com cinco/seis metros de diâmetro, feitos de um material têxtil e efectivamente cheios de areia serviriam, então, para ajudar a reter nas praias a areia que insiste em desaparecer.

"A técnica já tem sido utilizada em países como a Holanda, México e Estados Unidos da América, com muito bons resultados, mas num mar revolto como o nosso seria a primeira vez, daí não sabermos se resultaria tão bem", fez notar

Nuno Oliveira


Fonte: Jornal de Notícias - 01-01-2010

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