quinta-feira, março 06, 2008

Com violência e trânsito confuso, brasileiros escolhem cemitérios para caminhadas


Curitiba é uma cidade do sul do Brasil, com quase 2 milhões de habitantes (a 7ª maior do Brasil em população), e com uma área metropolitana de cerca de 3,5 milhões de habitantes. Apesar de Curitiba ser uma espécie de El-dorado do Brasil, pois é entre as grandes cidades do Brasil a mais pujante a nível económico e social (ex. taxa de alfabetização é de 96,7%, superior à taxa portuguesa), e afirmar-se como a capital brasileira das novas tecnologias e afins, a "explosão demográfica" registada nesta metrópole tem levado, sobretudo nos últimos anos, a um aumento significativo nos índices de criminalidade e de violência, bem como causa diversos congestionamentos no trânsito.

Deste modo, a população recorre a lugares inusitados para os seus momentos de lazer. Para os moradores dos bairros Portão, Fazendinha, Cidade Industrial e arredores, o Cemitério Jardim da Saudade virou ponto de encontro e de prática de actividades físicas.

Todas as manhãs, dezenas de pessoas calçam os seus ténis e percorrem a pé os caminhos do cemitério. Algumas aproveitam e visitam os jazigos de parentes e amigos, mas o interesse da maioria é apenas exercitar o corpo. «Normalmente é um pessoal de mais idade, que aproveita a paisagem e a tranquilidade», contou o segurança João Evangelista. A administração do cemitério não restringe as caminhadas dos utentes — apenas as corridas são proibidas.
Assim como nos parques, os horários mais procurados pelos praticantes são o início da manhã e o final da tarde. Os primeiros “caminhantes” chegam já às 06h30, horário de abertura dos portões. À noite, o local é fechado.

Embora inevitavelmente fúnebre, o cemitério tem área verde e quantidade de árvores que garante ares de parque. Os jazigos no chão, junto à relva, completam o clima bucólico, e lanchonete e banheiros garantem a infra-estrutura mínima.
Para os frequentadores, outro factor que torna o cemitério atractivo é a segurança. Além de corpo interno de seguranças, o cemitério conta com câmaras de vigilância espalhadas pelo terreno de cerca de 70 mil m2. A ausência de parques na região, uma das mais populosas de Curitiba, também influi nesta opção.


Fonte (adaptado): Jornal Bem Paraná

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