Publicações de Pedestrianismo (I) - "Portugal Pé-Ante-Pé – Guia de Percursos Naturais” -

Iniciamos uma nova rubrica que aborda publicações sobre pedestrianismo. Portugal é um país parco neste tipo de publicações (basta compararmos com a produção do país vizinho, eheh… já estou a ser maroto) e as escassas obras que existem muitas delas são sobretudo da responsabilidade de instituições ligadas ao ambiente e natureza, com destaque para alguns Parques e Zonas Protegidas.

A nível comercial, porventura a obra que teve mais ‘saída’ até ao momento foi o livro "Portugal Pé-Ante-Pé – Guia de Percursos Naturais” que foi editado em Junho de 2001, e teve re-edições posteriores. O facto de ser na altura praticamente o único do género no mercado facilitou a sua difusão. Como tal, começamos esta rubrica abordando-o.

Este livro foi editado fruto de uma parceria entre o Fórum Ambiente e a Bertrand Editora. O seu editor foi Pedro Cuiça, que já tinha editado anteriormente outras obras (de tiragem bem mais circunscrita) como o “Guia de Percursos Naturais”, em 1995, ou “Açores — Percursos Naturais”, em 2000, ambos sob a égide da Fórum Ambiente.

"Portugal Pé-Ante-Pé” compreende 24 percursos (o índice pode ser observado na imagem inferior) em espaços naturais, sobretudo serranos, que se estendem desde o Minho e Trás-os-Montes até ao Algarve. A maioria dos percursos são pedestres mas também surge um de cada tipo seguinte: BTT, canoa e escalada; e dois percursos de espeleologia. Na página de abertura de cada percurso encontram-se 3 ícones, que indicam o tipo de actividade (pedestre, BTT,…), o tipo de paisagem e o tipo de trajecto (circular ou linear).

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Indice dos Percursos (clicar para ampliar)
[os percursos com tracinho azul são percursos que realizei (2001/003) no todo ou em grande parte]

Em cada percurso é realizado uma descrição, em tom essencialmente narrativo, da rota a percorrer complementado por inúmeras informações sobre a fauna, flora, geologia, o modelado geográfico, os cursos fluviais e as práticas rurais e agrícolas das populações locais. Cada percurso tem duas pequenas caixas: O “Terreno de Jogo” onde se realiza uma síntese do ecossistema local (fauna, flora, topografia, hidrografia, espaço agrário, etc.) e um “Bloco de Notas” onde se esquematiza as características do percurso (distância, dificuldade, cartografia, etc.). São apresentadas ainda diversas fotografias, algumas ilustrações e um mapa do percurso. Se bem que em alguns percursos com o mapa e a descrição textual seja relativamente fácil de seguir o trajecto, a verdade é que na maioria deles é aconselhável recorrer às cartas topográficas para complementar as informações.

O livro apresenta ainda uma introdução com informações sobre as modalidades (equipamento, alimentação, conduta, conselhos úteis, etc.) e no final um glossário temático. A generalidade dos percursos é de baixo grau de dificuldade, e a acrescida dificuldade de alguns reside sobretudo na sua extensão (um ou outro com 2 dezenas ou mais de kms). O percurso pedestre de maior dificuldade é a travessia invernal desde a Covilhã até à Torre (36 kms e bem mais de 1 km de desnível.). Por outro lado, a prática da escalada e espeleologia já exigem conhecimentos mais técnicos. Os percursos pedestres são de um dia, com excepção do Trilho do Douro (dois dias).

Os percursos foram escolhidos tendo em conta a sua inerente riqueza nos domínios ambiental, paisagístico, geográfico, cultural, etc. Os textos são da responsabilidade de Anabela Moedas, António Nunes, Helena Ferreira, Jorge Nunes, Mafalda Martins e Pedro Cuiça. As fotografias são de Filipe Palma, Francisco Rasteiro, Jorge Nunes, Pedro Alarcão, Pedro Cuiça, Sérgio Madeira, Telma Veríssimo, Tiago Petinga e Vera Raimundo. A edição fotográfica é de Sérgio Madeira, a ilustração de Rui Cardoso, a ilustração científica de Nuno Farinha e Fernando Correia, e a infografia de Paulo Sousa.

Bem, neste livro estendi-me um pouco. Nos seguintes vou tentar ser mais sucinto.