domingo, março 02, 2008

8ª edição dos Percursos de Roda Pé - Pelo concelho de Moura, de Março a Abril de 2008, organizado pelo ADCMoura

8ª edição dos Percursos de roda pé - Pelo concelho de Moura

Março-Abril 2008

Organização:
A.D.C.Moura

Os percursos de Roda Pé consistem em acções de educação ambiental, integrando um conjunto de actividades de natureza formativa desenvolvidas pela ADCMoura.
Seguir, por entre azinheiras e matos de esteva, um rebanho de cabras na sua volta diária pelo baldio de Santo Aleixo da Restauração, revisitar o passado e antever o futuro num percurso pelas calçadas de Moura, descobrir alguns segredos acerca da flora local nos campos de Santo Amador, experimentar as emoções da canoagem mergulhando no vale selvagem do rio Ardila, perto de Safara, cruzar paisagens abertas com horizontes a perder de vista e histórias para contar nas redondezas da Póvoa de S. Miguel, calcorrear velhos trilhos do contrabando e reviver memórias desses tempos, ligando Amareleja a Valência del Mombuey, e perscrutar a presença esquiva do lince-ibérico na serra da Adiça, local onde foi encontrando o último vestígio em território nacional deste que é considerado o felino mais ameaçado do mundo, são as propostas aliciantes que a Associação para o Desenvolvimento do Concelho de Moura tem para oferecer a todos os amantes da natureza e do mundo rural, em mais uma edição dos Percursos de Roda Pé: sete passeios pedestres pelos antigos caminhos de terra, veredas pastoris, calçadas urbanas e os leitos dos rios do concelho de Moura.

Estes percursos têm ainda a particularidade de ser guiados por biólogos, arqueólogos, arquitectos, agricultores, antigos mineiros e moleiros e até contrabandistas que conhecem bem o território a explorar e nos vão ajudar com os seus saberes, uns mais científicos, outros mais empíricos, a descobrir a magia dos lugares, dos mais aos menos recônditos, e o encanto das plantas, dos animais e das pessoas que os habitam. E tudo isto, em benefício do desenvolvimento local. É esta, no fundo, a nossa proposta para passar sete dias diferentes no Alentejo.





1 de Março
Em busca de ervas de cheiro, comestíveis e medicinais
Local: freguesia de Santo Amador
Ponto de Partida: Largo da Igreja de Santo Amador (10h00)
Distância: 8 km | Percurso circular
Cota Máx, 195 m | Cota Mín. 120 m
Colaboração:ADASA - Associaçao de Defesa do Património Cultural e Ambiental de Santo Amador

Cardo-leiteiro, acelga, alabaça, chícharo, beldroega, espargueira, silarca, erva-garfeira, erva-ursa, poejo, hortelã-da-ribeira, orégão, rosmaninho, tomilho, galafito, bolsa-de-pastor e dente-de-leão são alguns nomes de plantas de cheiro, comestíveis e medicinais que podemos encontrar numa digressão ao campo, sem que muitas vezes as consigamos identificar devidamente ou conhecer a sua utilidade. Esta tarefa de reconhecimento está no entanto reservada a uns quantos entendidos, que guardam saberes transmitidos de geração em geração e não aprenderam pelos livros. A Catarina Ventura, residente em Santo Amador e guia deste passeio sem destino, é uma dessas iluminadas.



8 de Março
Atrás da cabrada da adua
Local: freguesia de Santo Aleixo da Restauração
Ponto de Partida: Largo da Igreja de Santo Aleixo da Restauração (09h00)
Distância: 8 km | Percurso circular
Cota Máx, 307 m | Cota Mín. 180 m

Na parte norte da aldeia de Santo Aleixo, as ruas são paralelas e íngremes e apresentam casa tradicionais enfileiradas, como se de comboios se tratasse, ao sabor do pendor da encosta. É no cimo deste aglomerado que os criadores de cabras da aldeia se prestam ainda a uma prática ancestral e já rara nos nossos dias. Todas as manhãs, bem cedo, é aqui que os pequenos rebanhos familiares são ordenhados, reunidos e postos ao cuidado do pastor comunitário e dos seus cães, que os levam a apascentar na Coutada, baldio do povo actualmente gerido pela Junta de Freguesia. O moiral é o José Aleixo e é ele que nos vai acompanhar na volta do gado.



15 de Março
Viagem no tempo, na cidade de salúquia
Local: Moura
Ponto de Partida: entrada do jardim dr. Santiago em Moura (10h00)
Distância: 5 km | Percurso circular
Cota Máx, 195 m | Cota Mín. 170 m

Novel cidade situada na confluência do rio Ardila com o rio Guadiana, Moura ostenta um passado cheio de história, testemunho vivo dos povos que aqui se fixaram, cruzaram e influenciaram mutuamente, numa grande variedade de culturas e credos. Aqui somos ao mesmo tempo celtas, fenícios, romanos, suevos, berberes, árabes, judeus, cristãos e…alentejanos! Visitando o castelo e a sua alcáçova, a mouraria, o museu municipal, o Pátio dos Rolins ou a igreja do Espírito Santo, podemos verificar como todo este património milenar é fonte inesgotável de inspiração e renovação. Num lugar de forte “apelo árabe”, daremos largas à imaginação descobrindo as influências mouriscas não apenas nos monumentos mas também no traçado das ruas e na harmonia das casas caiadas, no modo tolerante e contemplativo dos seus habitantes, na gastronomia, no cante alentejano, na lenda da princesa Salúquia ou na própria toponímia. Uma viagem no tempo, através de um centro histórico preservado e com pessoas a viver, para saborear na companhia de um especialista: o arqueólogo Santiago Macias.




29 de Março
Por montes e vales, no rasto do lince-ibérico
Local: freguesia de Sobral da Adiça
Ponto de Partida: Sobral da Adiça (entrada da aldeia, junto à GNR) - 10h00
Distância: 21 km | Percurso linear
Cota Máx, 350 m | Cota Mín. 192 m
Colaboração: Liga para a Protecção da Natureza

Considerado o felino mais ameaçado do mundo, o lince-ibérico é um dos mais enigmáticos e fascinantes carnívoros da fauna ibérica. Seguimos no seu encalço, em direcção à zona onde foi confirmado um dos últimos vestígios da sua presença em terras lusas, para descobrir alguns dos segredos do seu território. E quem melhor do que os biólogos Filipa Loureiro, Eduardo Santos e Miguel Lecoq, conhecedores do território e técnicos do Programa Lince da LPN/FFI, que visa a recuperação do habitat deste mamífero no Sul de Portugal, para nos guiar nesta caminhada e seduzir com os seus conhecimentos sobre o assunto. Deixando Sobral da Adiça para trás, dirigimo-nos para ocidente, percorrendo os montados e atravessando a Serra do Álamo. Deste local desfrutamos de uma vista magnífica sobre o tapete de cores das planícies cerealíferas e dos pomares da região, para mais à frente ziguezaguearmos pelos intermináveis olivais, que a pouco e pouco, dão lugar ao imenso figueiral da Herdade dos Machados. O denso matagal mediterrânico, que se estende ao longo dos montes e vales das serras, numa paisagem de rara beleza, deixa adivinhar a riqueza da flora e da fauna. Aqui a diversidade abunda. É este um dos últimos redutos do lince-ibérico em Portugal. Quem sabe, se não há por ali algum à espreita...



5 de Abril
Longe do mundo, pelos meandros do Ardila
Local: freguesia de Safara
Percurso pedestre e de canoagem



12 de Abril
Hasta españa, no rasto do contrabando
Local: freguesia de Amareleja
Ponto de Partida: Amareleja (rotunda, saída para Mourão / Barrancos) - 10h00
Distância: 12 km | Percurso linear
Cota Máx, 309 m | Cota Mín. 195 m

Em tempos não muito recuados, de guerras, privações e miséria, em que se arraçoavam as subsistências, as ditaduras da Península Ibérica ditavam a lei e o contrabando a marginalidade, como forma de se sobreviver. À semelhança de muitas terras raianas deste País, a Amareleja também viveu os seus tempos difíceis, dias de alegria e tristeza, de valentia e medo, as suas aventuras e façanhas heróicas em que eram protagonistas os astutos contrabandistas. E contrabandeava-se de tudo um pouco, quase sempre pela calada da noite - açúcar, arroz, sabão, farinha, pão, perfumes, tabaco, café -, fintando as patrulhas de guardas civis e de carabineiros. Da Amareleja a Valência del Mombuey, cruzando a linha de fronteira, vamos, pois, no encalço das memórias do contrabando, na companhia de um guia com vasto currículo nessa matéria: o Francisco Vasques.




19 de Abril
Planícies suaves e cerros alcantilados com história
Local: freguesia de Póvoa de São Miguel
Ponto de Partida: Póvoa de São Miguel (Casa do Povo) - 10.00 h
Distância: 14 km | Percurso linear
Cota Máx, 227 m | Cota Mín. 95 m

Abarcando uma vasta planície nas imediações da Póvoa de São Miguel, o Monte Novo do Pombal impressiona pela singularidade da sua arquitectura, de inspiração senhorial-medieval. Encantados com a descoberta, primeira de muitas neste dia, prosseguimos para leste, atravessando campos de semeadura e terras de olivais, ao encontro das termas de Santa Ana, junto ao monte de Ourives. Saciada a curiosidade por histórias deste lugar, rumamos desta vez ao Sul, a caminho do vale do Ardila, cruzando olivais e depois as terras bravias das Tojeiras. Para terminar em beleza, o nosso cicerone, o investigador António Montezo, irá guiar-nos a um povoado pouco conhecido da Idade do Cobre/Bronze, com vista deslumbrante sobre o curso do rio Ardila, e, junto à margem, a uma azenha antiga e local de cardagem de lã.


Contactos:
Associação para o Desenvolvimento do Concelho de Moura

Travessa da Misericórida, 4 -1º
7860-072 Moura
Tlf 285254931
Tlf/Fax 285253160
adcmoura@adcmoura.pt


Fonte do texto e imagens: ADC Moura - Associação para o Desenvolvimento do Concelho de Moura



7ª edição dos Percursos de Roda Pé - 2007

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