sábado, abril 28, 2007

9ª edição dos “Passeios da Primavera”, em Montemor-o-Novo

Passeios da Primavera 2007


Na 9ª edição dos “Passeios da Primavera”, organizados desde 1999 pela MARCA-ADL, em Montemor-o-Novo, a descodificação da paisagem é feita por gentes da ciência e dos saberes locais, orientando 5 percursos pedestres sobre astronomia e civilizações antigas; plantas medicinais e aromáticas; sonoridades do campo, para crianças, pais e avós; património hidráulico; e fauna e flora dos montados à noite.

Na paisagem o homem observa a passagem cíclica do tempo. Os campos verdes, vermelhos, amarelos e roxos, assinalam na Primavera o despertar da natureza, o início de um novo ciclo de renovação. Os Passeios da Primavera propõem este ano a descoberta dos elementos essenciais que constituem o mundo: o céu, a terra, o ar e a água. No céu procuramos os astros, antigos mitos e as leis que regem o tempo. Na terra as ervas com os seus poderes curativos. No ar escutamos os sons e os silêncios dos dias e das noites. Por fim a água com os seus poderes purificadores e regeneradores.


Astronomia e civilizações antigas. Percurso no céu em noite de eclipse lunar
Com o físico Cândido Marciano da Silva
3 de Março

O fascínio pelos pontos luminosos a que chamamos estrelas, desperta mistérios das profundezas da natureza e da imaginação. Muitos dos mitos da antiguidade que se espelham nas constelações celestes do distante e inacessível infinito, ajudaram a criar a crença que as actividades humanas são reguladas pelo Cosmos.

Do firmamento o homem extraiu os ciclos temporais, organizou os calendários, elegeu estrelas ou constelações que orientaram travessias por terra e por mar, fez nascer deuses e heróis. Acontecimentos astronómicos relacionam-se com elementos apelativos na paisagem – naturais (montanhas) ou construídos (megálitos, pirâmides) – e com o calendário festivo, sendo o Natal, Páscoa e S. João marcados pelos equinócios e solstícios.


Em torno do recinto megalítico dos Almendres vamos observar o pôr do sol e o nascer da lua cheia, procurar a Via Láctea a indicar o Caminho de Santiago, o reflexo da espada pendurada no cinto de Orion, as Plêiadas (conhecidas também como as “Cabrinhas” ou “Sete Irmãs”), e por fim assistir a um sempre mágico eclipse lunar.




Plantas medicinais e aromáticas
Com o mestre José Salgueiro, ervanário e poeta popular
14 de Abril

Mestre Zé Salgueiro, ervanário e poeta popular, filho de trabalhadores rurais, cedo começou a labutar para o seu próprio sustento e da família. Foi aguadeiro em feiras e romarias, vendeu sardinha de monte em monte, sachou hortas, trabalhou nas ceifas, até que aos 14 anos foi aprender a profissão de sapateiro que só deixaria aos 50 anos para se dedicar a uma das suas paixões: as plantas medicinais. Quando acompanhava a mãe no trabalho dos campos, aprendeu a conhecer as ervas e a experimentar mezinhas que com elas se preparavam.

Desde então tem-se dedicado ao seu estudo, colheita e secagem. Com um saber acumulado ao longo de 88 anos vividos intensamente, editou um livro e tem um genuíno prazer em transmitir recordações e saberes sobre a vida das plantas e dos homens. Na sua companhia vamos descobrir algumas das plantas localmente utilizadas para fins culinários e medicinais (alecrim, cidreira, poejo, pilriteiro, cavalinha, salgueiro, …) e escutar estórias e testemunhos de um mundo rural que desaparece.




Sonoridades do campo. Para crianças, pais e avós
Com o músico Bruno Cintra
12 de Maio

No mundo rural os campos eram animados por sons, alguns irremediavelmente distantes: o ferreiro a bater o ferro na bigorna, a tirada da cortiça, o rachar das lenhas, a lavagem da roupa nas pedras dos ribeiros, o vento a soprar o canavial, os sons dos animais, o cantar dos pássaros, grilos e cigarras. O silêncio aparente dos dias quentes e os barulhos da noite. Ao longo de um percurso pelos campos, vamos apurar o ouvido, escutar os sons e imitá-los com recurso à construção de instrumentos a partir de materiais naturais.



Arquitecturas da água. Poços, cisternas, aquedutos, tanques e hortos no Convento do Bom Jesus da Mitra
Com o engenheiro José Manuel Mascarenhas
2 de Junho

Nos períodos romano e islâmico, muitas zonas do sul de Portugal converteram-se em campos férteis em virtude do domínio da tecnologia da água. Os romanos, grandes construtores, possuíam cisternas, aquedutos e barragens com que asseguravam o abastecimento de água às cidades e villae de maiores dimensões. Mas foram os muçulmanos, habituados no deserto a tirar o máximo partido da pouca água disponível, os que se celebrizaram pelas tecnologias de aproveitamento das águas. Introduziram e difundiram sistemas de elevação (noras, azenhas), construíram aquedutos, transformando os campos em áreas irrigadas e férteis com jardins, hortos e pomares.

Fontes, poços, noras, aquedutos, tanques, cisternas e represas marcam, ainda hoje, as paisagens do Alentejo e Algarve. No Convento do Bom Jesus da Mitra (Évora), edificado no séc. XVI para os monges capuchos e centro de uma importante propriedade rural, conservam-se na envolvente valiosos elementos do património hidráulico. Vamos seguir o extenso trajecto do aqueduto da segunda metade do séc. XVII, sendo também, visíveis a cisterna, canais de distribuição da água, tanque e sistemas de captação. Visitaremos ainda os moinhos da Mitra e do Pinheiro na Ribeira de Valverde.



Mistérios nocturnos do montado. Sombras, sons e cheiros
Com o zoólogo António Mira e a botânica Paula Simões
23 de Junho

À noite, nos montados, por baixo das densas copas de sobreiros, azinheiras e carvalhos, enquanto algumas plantas fecham as folhas para dormir, há animais que acordam, saiem dos seus abrigos e partem em busca de alimento. É o caso de algumas espécies de mamíferos com hábitos noctívagos, como o gineto, o texugo, a fuinha ou a lontra, ou de aves de rapina como as corujas.

Durante a noite vamos, com um zoólogo e uma botânica, conhecer os segredos do montado. Com os cinco sentidos em alerta, vamos estar atentos aos movimentos e sombras dos animais, escutar os sons que emitem (ultra-sons, no caso dos morcegos que se abrigam nas grutas e antigas minas), os chamamentos das corujas e procurar identificar as plantas através do cheiro e do tacto.



Sobre as Caminhadas
Ponto de encontro em Montemor-o-Novo, às 9.30 no Cine-Teatro Curvo Semedo. Excepção para os passeios "Astronomia e civilizações antigas” que terá início às 18.00 no Cromeleque dos Almendres (Guadalupe), e “Mistérios nocturnos do montado. Sombras, sons e cheiros” que terá início às 20.30.

Trajecto de carro, em grupo, até ao local de início do percurso. Os passeios têm uma duração média de 6 horas incluindo paragem para refeição no campo. Por volta das 16.00 h regresso de carro a Montemor-o-Novo.

Os percursos pedestres (de 5 a 10 kms) por caminhos de terra, poderão incluir trajectos de corta-mato, com atravessamento de ribeiras e transposição de pequenos obstáculos.
Deverá trazer merenda, cantil com água, calçado confortável, meias de algodão, roupa leve e apropriada, chapéu e protector solar. Será fornecida documentação cartográfica e interpretativa sobre cada passeio.

A organização reserva-se o direito de anular a realização de percursos caso se verifiquem condições climatéricas adversas, em especial no dia 3 de Março, caso o céu se encontre encoberto.

Para programar um fim-de-semana em Montemor-o-Novo a MARCA-ADL poderá sugerir alojamento, restauração e locais de interesse paisagístico e patrimonial.


Informações e Inscrições:
MARCA – Associação de Desenvolvimento Local de Montemor-o-Novo
Largo General Humberto Delgado, nº7, 1º Apartado 188
7050-123 Montemor-o-Novo
Telef/Fax 266 891222
Email: marca.adl@mail.telepac.pt

As participações são limitadas. Inscreva-se com antecedência, deixando o seu nome e contacto.

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