No passado dia 9 de Junho decorreu a “Marcha Torguiana” na serra do Gerês, no concelho de Terras do Bouro, organizada pela respectiva Câmara Municipal.
Esta actividade está integrada no conjunto de actividades comemorativas do "Centenário do Nascimento de Miguel Torga", que decorre de Maio a Setembro de 2007, promovido pelo Município de Terras de Bouro.
A marcha com uma distância de
O Presidente também abordou, naturalmente, a presença assídua ao longo de mais de 4 décadas, sobretudo no Verão por altura das férias, de Miguel Torga no Gerês e onde escreveu muitos poemas e passagens do seu diário (onde não se coabia, por vezes, de criticar alguns dos costumes locais), de subir a locais como a Nevosa, o altar de Cabrões, ou os Cornos da Fonte Fria. Também de defender os modelos de comunitarismo de algumas aldeias do Gerês, como Vilarinho das Furnas.
No ponto de partida da marcha, no cruzeiro de Campo do Gerês, estava mais bastantes dezenas de pessoas. Junto, situa-se uma das Portas do PNPG, inaugurada há cerca de meio ano. Entre outros aspectos este edifício possui um museu muito interessante (museu da Geira) sobre o Gerês e uma loja com diversos materiais e recursos sobre o Gerês (livros, folhetos, diversos produtos regionais, etc).
A marcha que se iniciou cerca das 9h45 pretendia percorrer uma zona que serviu de forte inspiração para as obras literárias de Miguel Torga. A cerca de centena de participantes subiram até ao lugar de Lamas onde junto a uns carvalhos, se recitou o poema de Miguel Torga “A um Carvalho” (lido por Ernesto Português). O grupo seguiu e pouco depois avistou-se ao longe a Calcedónia. Até se chegar ao “Miradouro da Boneca” ainda foram lidos ao longo do percurso mais dois poemas (um deles por Manuel Pereira).
No Miradouro da Boneca, foi lido novo poema (por Jorge Lage) e as pessoas aproveitaram para tirar fotos da bela paisagem que se lhes deparava. Desceu-se depois pelo Trilhos do Miradouros até ao Miradouro da Fraga Negra, onde o Presidente da Câmara, António Afonso, leu uma nova passagem de Torga, referiu algumas das actividades comemorativas do “Centenário do Nascimento de Miguel Torga” em Terras de Bouro, e agradeceu a todos a presença. Aqui foram tiradas também fotos do grupo.
Por volta das 13h15 horas o grupo chegou à vila do Gerês. Os que tinham deixado o carro em Campo do Gerês tiveram dois autocarros disponíveis para os levar de novo lá. Foi também distribuído no final a cada participante uma saca com diversos materiais (folhetos de turismo, emblema do concelho, calendário, etc.)
No dia 12 de Agosto de 2007, 100 anos depois do nascimento de Miguel Torga será descerrada, no miradouro da Pedra Bela, uma lápide com o poema “Pátria”.
*A origem das termas do Gerês com base na célebre lenda das “Nove Irmãs Gémeas” passada no 2º D.C. Trata-se de uma lenda relativamente célebre na Península Ibérica, sobretudo no Minho.
No ano de 122 D.C., Calsia (descendente da família do imperador Juliano), a esposa de um governante romano do noroeste da Península Ibérica, Lucio Catelio Severo (ex-cónsul de Roma), deu à luz 9 irmãs gémeas. Por serem em número excessivo (crendo ser obra do Diabo ou temendo ser acusada de infidelidade), e de o marido se encontrar numa missão exterior, Calsia deu ordem a uma senhora de confiança, Sila, para as afogar num rio. Sila, cristã, desobedeceu e entregou as crianças a algumas mulheres cristãs da vizinhança que as criaram. Foram chamadas de: Quitéria (nobre guerreira), Eufémia (a das boas-novas, bom presságio), Marina ou Margarida [Rita] (geradora), Vitória, Genebra (geradora), Márcia (guerreira), Germana (irmã, fraterna), Basilisa (santa), e Liberata (liberdade), tendo sido educadas na religião cristã.
Mais tarde foram reconhecidas pelo governador romano, Lúcio Severo, como suas filhas. Este obrigou-as a renunciar ao cristianismo e casaram com oficiais romanos e outros afins. Elas recusaram-se e foram aprisionadas numa Torre. Entretanto conseguiram fugir e libertaram os restantes prisioneiros. Com mais cristãos da região refugiaram-se nas montanhas e nelas travaram uma guerrilha que se estendeu por um amplo território e durante vários anos. Contudo o poderio romano era muito forte e ao longo dos anos todas as nove irmãs foram sendo mortas. No caso de Eufémia, diz-se que durante uma fuga aos soldados que a perseguiam atirou-se de um penhasco baixo (o Penedo da Santa, em Covide) mas não se esmagou no chão pois cá em baixo um penedo abriu-se e engoliu-a, brotando instantes depois dele uma fonte, onde estão hoje as termas do Gerês.
Ver fotos agrupadas da actividade no blogue "Multiactividades Desportivas"
Folheto distribuído no início do percurso (pela organização)
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